
Censura, fanatismo atos contrários à liberdade de imprensa
Para quem não conhece a fábula: Um velho e seu filho, criança, foram à cidade vender um burro, o asno, da família.
Para o bicho não chegar à feira cansado, os dois iam a pê, pucando o animal pela corda. Até que cruzaram com a primeira pessoa no caminho.
Segundo o passante, aquilo era um absurdo. Ambos a pé e um burro saudável sem carregar ninguém. O velho coloca o menino sobre o burro.
Outro passante: Como pode um homem velho a caminhar enquanto um menino saudável segue montado…? o velho coloca o menino para caminhar e ele mesmo monta.
Aparece um terceiro passante: Como pode ser insensível e ir montado enquanto uma criança vai a pé? para evitar novas críticas, coloca o menino na garupa da montaria e seguem os dois conduzidos pelo burrinho…
Até aparecer o quarto crítico: Só mesmo a insensibilidade humana em hrau máximo para xolocar sobre um pobre burro dois corpos.
FANATISMO
Esta é a tradução das redes. Não importava o que você diga, faça, desfaça, conserte. Como quase tudo já foi dito sobre a morte de Marcelle, exceto a elucidação do crime, vou ater-me a alguns aspectos da cobertura.
Marielle Franco, 38 anos, vereadora de primeiro mandato pelo PSOL, no Rio de Janeiro, foi executada, no centro do Rio de Janeiro, em bairro do centro com o carro atongido por 13 tiros de fuzil. Um dia dwpoia a revista Veja já com sua edição circulando. Com Marielle na capa e questionando a quem intressaria a sua morte: uma vereadora que denunciava a violência, quem a cometia, e especificamente um batalhão da Polícia Militar do Rio, o recordista em mortes.
No telejornalismo da Rede Globo, sobretudo na prata da casa, o Jornal Nacional, e incluondo o seu braço hard news de TVpor assinatura, a Globo News, todos, literalmente todos os espaços foram abertos para a cobertura não só do crime, mas de todas as suas repercussões e manifestos.
No Rio, no Brasil inteiro, no mundo. Todas as vozes foram ouvidas. No entanto, ao se posicionar em determinado momento em frente à Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, de onde saia o corpo de Marielle e do motorista Anderson Gomes, uma repórter da Globo News não conseguiu gravar. Um grupo partiu para cima da moça aos gritos de “Fira Rede Globo”, até a repórter desistir. Já não era a homenagem , era o fanatismo que associa a Globo ao demônio. Essas pessoas devem esperar que a Record irá expulsar esse demônio da televisão brasileira e salvar o telejornalismo nacional.
MÓRBIDAS
Postei um print da capa da Veja com Marielle em yma rede social. Foi um imã para os fanáticos. Não enxergavam sequer a imagem da capa. Passavam lá para manifestar o dogma e repetir um mantra que não estava em discussão: “Veja mente”.
Mas a capa era a cobertura de um fato real, com uma pergunta real. Para ficar só nesses dois casos: Se nem a Veja e tão pouco a Globo cobrissem a execução de Marielle, seriam ambas linchadas. Como naturalmente, cobriram, continuaram cobrindo e comtinuarão, foram conduzidos à categoria de Fdps oportunistas, aproveitadoras mórbidas, interessadas em audiência, leitores e cliques.
Marielle era lésbica e vivua com sua companheira. Gente famosa se inflamou nas redes sociais porque a viúva não foi ouvida, como a viúva do motorista Anderson foi, pela Rede Globo.
Era um explícito preconceito.Alguém sabe se a moça queria falar após a tragédia? Se tinha condições emocionais para dar entrevista.
Oa conselheiros da fábula do burro se manifestam. Acham uma falta de respeito. Onde já se viu viúva de mulher ? Outros ativistas, ficaram possessos por outra coisa: a Globo está se apropriando da narrativa das lésbicas e isso não bom.
É oportunismo, mirandi rum novo público. Ou a moça se rendeu ao sistema e pegou carona na morte de Marielle para aparecer O certo seria viver seu luto longe das câmeras. Moral da história : burro não é animal da fábula.
Texto publicado no Jornal Correio, Edição da última Segunda, 19 de Março de 2018 – Autora: Malu Fontes.
Nota da Reação: Reproduzimos esse editorial, pois sem uma imprensa livre e com independência editorial não temos solidez democrática