
Morre a atriz Beatriz Segall aos 92 anos
Morreu nesta quarta-feira, 5, aos 92 anos, a atriz Beatriz Segall, conhecida por viver a icônica vilã Odete Roitman na novela Vale Tudo, de 1988. A informação foi confirmada pela assessoria da atriz ao Estado.
Beatriz estava internada já há algumas semanas no hospital Albert Einstein, em São Paulo, com problemas respiratórios. O velório será realizado na própria instituição a partir das 19 horas, até por volta do meio-dia de quinta-feira. Em seguida, no mesmo dia, o corpo da atriz deve ser cremado em Cotia, na Grande São Paulo.
No Brasil mesmo, já havia iniciado um curso de teatro com a grande Henriette Morineau. A temporada na França foi gloriosa – prosseguiu esses estudos, enamorou-se do filho – Maurício – do pintor Lazar Segall. Casaram-se em 1954 e tiveram três filhos – Sérgio, Mário e Paulo. O primeiro tornou-se um importante cineasta, assinando como Sérgio Toledo. Foi premiado em Berlim, em 1987, com Vera. Durante dez anos Beatriz permaneceu devotada à família, aos filhos. Em 1964, o ano do golpe militar, retomou a carreira, substituindo Madame Morineau na montagem de Andorra no Oficina, de José Celso Martinez Correia. Não parou mais. O marido pertencia à ALN, tendo sido preso e torturado. Beatriz teve de ser o arrimo da família nesse período difícil.
Brilhou em todas as mídias – no cinema estreou em 1950, com A Beleza do Diabo, de Romain Lesage. Não filmou muito, mas participou de filmes importantes – Cléo e Daniel, À Flor da Pele, Pixote, a Lei do Mais Fraco, Romance, Desmundo. Na TV, embora tenha participado de novelas de grande sucesso – Dancin’ Days, Água Viva, Pai Herói, Sol de Verão, Barriga de Aluguel, etc – o grande papel foi como Odete Roitman, que virou emblema de autoritarismo e corrupção em Vale Tudo, novela de Gilberto Braga (com Aguinaldo Silva e Leonor Bassères) na Globo, em 1988, há 30 anos. Consagrada como vilã, sua personagem inspirou o mistério que, nem depois de solucionado – Quem matou Odete Roitman? –, deixou de inspirar humoristas e autores.
No teatro, entre muitíssimas personagens, em montagens que fizeram história – Os Inimigos, Marta Saré, O Inimigo do Povo, A Longa Noite de Cristal, O Interrogatórioetc –, foi uma extraordinária intérprete de Edward Albee em Três Mulheres Altas, contracenando com Natália Thimberg e Marisa Orth na versão de 1995. Em 2009. recebeu do então governador José Serra a comenda da Ordem do Ipiranga.