Economia baiana sofre impactos com feriados – Simões Filho Fm
Redação

Economia baiana sofre impactos com feriados


 
 
 

“Se feriado fosse bom para a economia, o governo o decretaria nos 365 dias do ano”. A frase é do assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-Bahia), Fábio Pina, que argumenta: “Uma economia com mais 12 milhões de desempregados não pode se dar ao luxo de ter feriados tão longos!”

E no mesmo tom de critica, Fábio Pina esclarece: “O comércio baiano fatura, em media, R$5 bilhões por mês. O que dá, entre R$150 a R$200 milhões por dia. Isto, para se ter uma ideia da magnitude dos valores, que deixarão de ser movimentados, a partir desta sexta-feira 12!”  

Em contrapartida, quem comemora a chegada dos feriados é a Associação Baiana de Agentes de Viagens (ABAV) que, através da presidente Ângela Carvalho é só alegria. “Para nós é ótimo. Tanto para o turismo receptivo quanto no emissivo. No receptivo por movimentar a rede hoteleira, bares e restaurantes, além das agências que trabalham com City-Tour,Transfer entre outras atividades. E o turismo emissivo pelo aumento de pacotes para clientes que buscam viagens mais curtas, dentro do estado”.  

Impacto

Mesmo localizado numa região turística, o Estado da Bahia sofre impacto negativo muito forte na sua economia, principalmente nos principais centros urbanos da capital e interior. “As praias, com seus pequenos comércios varejistas, nunca poderá movimentar grandes somas em valores com vendas de refrigerantes, pastéis e acarajé ou até mesmo em pequenas refeições do almoço e jantar”, lamenta Fábio Pina. 

Assessor econômico da Fecomércio-Bahia informa, ainda, que, até os empregados do comércio não aceitam, de bom grado, esses feriados tão longos e sucessivos, que ocorrem no Brasil. “Quem vive de comissão, por exemplo, perde substancialmente nos salários mensais. Se houvesse um acordo eles prefeririam trabalhar já neste final de semana”, destaca.   

Supermercados

Disparando na mesma direção, o presidente do Sindicato dos Supermercados e Atacados de Auto Serviço do Estado da Bahia (SindSuper), Teobaldo Luis da Costa diz que “o prejuízo dos feriados é extensivo a todos, incluindo empresários, trabalhadores e a administração pública em geral, seja ela municipal, estadual e federal, pela perda de arrecadação dos impostos”.

E explica:”As vendas nos supermercados caem pela metade no feriado. Em geral, o comércio não abre as portas. E aqueles que o fazem não passam do meio dia. Neste feriadão, da sexta-feira 12, os consumidores já começam a viajar desde quinta-feira à tarde e o resultado financeiro das empresas será negativo no final do mês”, afirma resignado.  

Participação

Teobaldo Costa abre-se em considerações gerais e diz: “Se a economia não cresce, a riqueza não aumenta e a distribuição de renda não acontece. Também não é possível gerar novos empregos. Com o país em recessão, diminui a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. É preciso que todos saibam que o crescimento da economia é a  base para uma melhor distribuição de rendas”. 

Ainda como empresário, dono de uma das grandes redes de supermercados, Teobaldo Costa garante: “O ideal para o país seria que os feriados – na sua maioria – fossem móveis  e pudessem ser deslocados para as segundas-feiras, quando o comércio vende menos.  Mas esta cultura está tão arraigada em nosso povo, que será difícil avançarmos com rapidez nesta proposta. “ No próximo dia do Comerciário vamos comemorar na segunda-feira, dia 22”.

Presidente do SindiSuper Teobaldo Costa vê a situação dos longos feriados com muita preocupação. “Mesmo que algumas lojas abram, a circulação das pessoas cai muito, o que acaba prejudicando as empresas. O custo para manter um estabelecimento aberto é alto, especialmente no que diz respeito às despesas com funcionários, que recebem hora-extra nessas datas festivas”, finaliza.

Portaria

Segundo portaria divulgada, no final de 2017, pelo Ministério do Planejamento e publicada no Diário Oficial da União, ate o final deste ano, o Brasil vai comemorar 12 feriados nacionais em dias úteis (segunda a sábado), contando o ponto facultativo de 12 de fevereiro (segunda-feira de Carnaval). Esse extenso número de feriados provoca um grande impacto sobre a economia nacional, em um momento em que o objetivo deveria ser maximizar a produção para fortalecer o processo de recuperação.

Um estudo internacional da consultoria em recursos humanos Mercer calculou, no ano passado, que o Brasil tem número de feriados semelhante a países como Canadá, França, Itália e Suécia, com 11 feriados cada. Os Estados Unidos têm 10 feriados nacionais, ainda que empresas privadas não sejam obrigadas a liberar seus funcionários.

Na América Latina, a Colômbia é campeã de feriados (18), seguida por Argentina e Chile (15 cada). O México, por outro lado, tem apenas sete feriados.

Móveis

Em países da Europa ou da América do Norte, diversos feriados são móveis – transferidos para segunda ou sexta-feira justamente para que não se percam dias úteis ou para evitar que feriados que caiam no final de semana sejam “perdidos”. 

Um projeto de lei, que tramita na Câmara dos Deputados propõe prática semelhante no Brasil: fixar nas segundas-feiras os feriados nacionais que caírem na terça, e nas sextas-feiras os que caírem às quartas ou quintas-feiras. A ideia é postergar o feriado para que ele nunca caia no meio da semana, e o país não perca dias úteis – algo que reduz a produtividade.

As exceções do projeto seriam os feriados nacionais que caírem nos sábados ou domingos e algumas datas específicas – 1º de janeiro, 7 de setembro (Independência), 2 de novembro (Finados) e 25 de dezembro (Natal), que nunca seriam móveis.

Jornada

Fazendo comparações internacionais, os feriados não necessariamente significam que o brasileiro trabalha menos horas no total. Levando-se em conta a jornada de trabalho regulada por lei, de até 44 horas semanais, e descontando-se os feriados e férias, um trabalhador típico brasileiro pode trabalhar ao redor de 2.000 horas anuais, quantidade parecida à de horas trabalhadas por um trabalhador mexicano ou coreano, mas bem superior à média de países como Dinamarca, Holanda e França. 

O Brasil, por exemplo, compartilha o 7º lugar com outros dez países, como África do Sul, Peru, Grécia e Taiwan. 


 
 
 

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