Piraí, RJ, cidade natal de Pezão foi do orgulho à vergonha por seu filho “ilustre” – Simões Filho Fm
Redação

Piraí, RJ, cidade natal de Pezão foi do orgulho à vergonha por seu filho “ilustre”


 
 
 

RIO — Quando estava em Piraí, o governador Luiz Fernando Pezão costumava dispensar o uso de segurança e andar a pé pela cidade. Em frente à sua casa, uma simples viatura da PM fazia o plantão de rotina, diariamente. Nesta quinta, porém, a residência foi cercada por quatro viaturas e nove agentes da Polícia Federal, que cumpriam mandado de busca e apreensão. Assim, durante toda a manhã, o ponto tornou se uma atração da pacata cidade. Entre comemorações e lamentos, os moradores da cidade viram com tristeza o episódio que marca o fim do ciclo do piraiense mais famoso da atualidade como governador do Rio.

Muitos vizinhos foram às ruas, curiosos, e motoristas que passavam em frente não perdiam a oportunidade de tirar fotos ou gravar vídeos. Apesar da celebração de muitos transeuntes, o lamento pode ser sentido entre a população, que não esquece dos feitos de Pezão como prefeito do município, ou sua humildade no trato com os moradores próximos. O sentimento geral é de que o governador se corrompeu ao ascender no poder e se aliar a Sérgio Cabral.

 A movimentação dos agentes em frente à casa de Pezão, em Piraí Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Como a sua casa estava vazia, foi necessário chamar a sua nora, Amanda, que vive próximo ao local, para abrir a porta. No interior, não havia pertences de luxo, como joias, ou dinheiro. Foram levados, então, notebook, Ipad, agendas e documentos, após mais de três horas de operação.

Nas primeiras horas do dia, o aparato policial chamava a atenção de quem passava na rua. Júlia Vieira, que caminhava em direção ao trabalho, parou para perguntar o que estava acontecendo, e não titubeou ao reagir:

— Demorou né — respondeu ela quando foi informada da prisão do governador.

Na opinião da moradora, Pezão fez ótima gestão como prefeito de Piraí, mas se corrompeu quando chegou ao governo estadual.

— Cabral já está preso há um tempo, e os dois trabalharam juntos — afirmou ela, para justificar a não surpresa com a operação, mas explicou que a população deve se abalar. — Somos uma cidade de interior que se tornou modelo. Até Lula e Dilma vieram aqui. Mas hoje Piraí gira muito em torno dele. Muitas pessoas do seu núcleo ascenderam financeiramente nos ultimos anos. Já as obras da cidade pararam depois que o prefeito atual (Luiz Antônio) venceu a eleição, derrotando o candidato de Pezão (Gustavo Tutuca).

Muitos dos vizinhos fizeram questão de acompanhar de perto as ações dos agentes. Entre as conversas, uma das frases mais ouvidas era “A casa caiu”. Feliz com a notícia, Paulo Roberto Costa era capaz de cumprimentar quase todas as pessoas que passavam em frente a casa, em carros ou a pé. Ele avisava da situação aos desinformados e disse que, se tivesse fogos, os soltaria para comemorar a prisão.

—  Há 25 anos Pezao não tinha onde cair morto, ele enriqueceu com a política. Deu muita isenção fiscal para as empresas aqui —  afirmou ele, que por outro lado não negou a popularidade do governador em Piraí. —  Se ele se candidatar de novo a prefeito vai ganhar.

Já a vendedora Mônica Pires, que vive na rua ao lado, mantém o carinho cultivado por Pezão desde a época de infância. Ela diz que sua família foi criada junto à dele, e não tem do que reclamar do vizinho. Chocada com a operação, disse acreditar na inocência do governador até que lhe “provem o contrário”.

—  Não tenho o que falar de mal dele. Nossas famílias cresceram juntas, eram todos gente boa. Se aconteceu algum crime, a gente não sabe o motivo. Pezão foi um ótimo prefeito, eu não esperava isso, meu sentimento é de tristeza. Ainda acredito na inocência dele.

—  Há 25 anos Pezao não tinha onde cair morto, ele enriqueceu com a política. Deu muita isenção fiscal para as empresas aqui —  afirmou ele, que por outro lado não negou a popularidade do governador em Piraí. —  Se ele se candidatar de novo a prefeito vai ganhar.

Já a vendedora Mônica Pires, que vive na rua ao lado, mantém o carinho cultivado por Pezão desde a época de infância. Ela diz que sua família foi criada junto à dele, e não tem do que reclamar do vizinho. Chocada com a operação, disse acreditar na inocência do governador até que lhe “provem o contrário”.

—  Não tenho o que falar de mal dele. Nossas famílias cresceram juntas, eram todos gente boa. Se aconteceu algum crime, a gente não sabe o motivo. Pezão foi um ótimo prefeito, eu não esperava isso, meu sentimento é de tristeza. Ainda acredito na inocência dele. 

José Luiz Loures, dono da Picanharia Seo Zé, um dos pontos que Pezão mais gostava de frequentar Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
José Luiz Loures, dono da Picanharia Seo Zé, um dos pontos que Pezão mais gostava de frequentar Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Mesmo entre os críticos do governador, todos admitiam seu jeito humilde e simples. Ainda assim, essas características não eram o suficiente para manter seu caráter inabalado, diziam alguns. Por isso, foi normal ouvir gritos de comemoração na rua. Um vizinho, que não quis se identificar, disse que já esperava por esse momento, e explicou que sua maior preocupação era com a mãe de Pezão, dona Ecy, segundo ele uma unânimidade entre os piraienses.

— Ela sempre fez bem a todos. A cidade espera, mas não acredita que vai acontecer algo assim. Mesmo que ele ainda tenha influência política, acho que as coisas aqui não vão mudar muito. Como prefeito fez muito, o Garotinho lhe chamava de “pidão” de tanta coisa que ele pedia para Piraí.  E como vizinho era ótimo, nos tratava igual desde quando era vereador até hoje. Mas isso não justifica o que ele fez. Para mim, o Cabral fez a cabeça de muita gente —  afirma o vizinho, que diz que muitos preferiram nem ver a cena. —  Acho que vai ter muito mais gente lamentando do que vibrando com a prisão, é uma situação chata.

Os curiosos do lado de fora não eram apenas vizinhos. Houve também quem se dirigiu até o local fazer turismo. Foi o caso do engenheiro eletricista Antonio Carlos de Araújo. Morador de juiz de fora, ele está em Piraí a trabalho, e, quando soube da operação, perguntou a moradores locais o endereço de Pezão para fazer selfies na fachada da residência, ao lado das viaturas.

Antonio Carlos Araujo gostou da prisão do governador e foi à sua casa fazer uma selfie Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Antônio Carlos Araújo, gostou da prisão do governador e, foi à sua casa fazer uma selfie. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
— Estou felicíssimo, é uma prisão icônica. Não achava que ele seria preso, pois o Cabral foi pego há muito tempo já. Agora me perguntosobre o Eduardo Paes. —- disse Araújo, que é coordenador do Movimento Brasil , em juiz de fora, ligado ao MBL. — A selfie vai bombar nas redes.

Se voltar ao bar, será recebido de braços abertos

Em Piraí, os dois pontos de lazer preferidos de Pezão eram o bar Rei do Torresmo e a Picanharia do Seu Zé, mais conhecida como quiosque do Zé Luiz. Nesses lugares que o governador reencontrava velhos amigos, tomava seu chope e jogava sueca.

Há 15 dias, ele foi à picanharia pela última vez. Como de costume, chegou por volta das 9h30 de sábado, comeu um queijo na brasa, jogou sueca, tomou chope e foi embora pouco depois de meio dia. Segundo José Luiz Loures, o Zé Luiz, que conhece Pezão desde jovem, o governador sempre foi humilde com os demais clientes, e não ficava no bar com segurança. No último encontro entre os dois, ele chegou a dizer que o velho amigo precisava descansar ao fim do mandato, no que recebeu um aceno positivo, com a resposta: “Pois é, já são 12 anos”.

A prisão foi uma surpresa para Zé Luiz.

— A bomba podia estourar, mas não imaginava que seria rápido assim. Quando acontece na nossa casa é diferente né. Pezão é querido por aqui, o povo vai ficar triste e com o orgulho ferido. Mesmo assim, acho que a popularidade vai continuar alta — disse ele, que respondeu que receberia Pezão de volta ao estabelecimento de braços abertos. — Ele é nosso companheiro. Aqui ninguém reclamava dele. Como ficamos na beira de uma rodovia estadual, passa muita gente diferente, às vezes ficavam surpresos com a presença dele, mas nunca houve situação de hostilidade.

 


 
 
 

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