Ditador da Nicarágua fecha TV, prende jornalistas para impedir notícias – Simões Filho Fm
Redação

Ditador da Nicarágua fecha TV, prende jornalistas para impedir notícias


 
 
 

A ditadura de Daniel Ortega, da Nicarágua, fechou o canal 100% Noticias e prendeu seu diretor, Miguel Mora, as jornalistas Verônica Chávez e Lúcia Pineda Ubau e o analista político Júlio Lóv.

“É uma emergência, querem levar nosso diretor preso”, afirmou Pineda por mensagem em redes sociais.

“É uma emergência, querem levar nosso diretor preso”, afirmou Pineda por mensagem em redes sociais.

O canal afirmou ainda que o motorista Joseph Rafael Hernández está desaparecido desde a operação.

Verônica Chávez, mulher de Mora, foi a única liberada pela polícia até a manhã deste sábado (22).

A agência reguladora de telecomunicações da Nicarágua, Telcor, soltou uma nota proibindo que operadoras de TV a cabo emitam o sinal do canal.

“A partir das 21h [horário local; 1h da manhã de sábado em Brasília], fica sem autorização de transmitir no sistema de representada a entidade jurídica Primicias S.A., que opera sob a marca comercial 100% Noticias“, afirmou a nota.

As autoridades nicaraguenses não se pronunciaram sobre a operação.

Autoritarismo

Paulo Abrão, secretário-executivo da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), afirmou em rede social que “a grande marcha autoritária das liberdades públicas avança na Nicarágua”.

A relatora especial para a Nicarágua do organismo, Antonia Urrejola, manifestou repúdio contra o ataque. “Segue-se calando a dissidência. Não há democracia sem pluralismo e liberdade de expressão”, afirmou também nas redes sociais.

A Câmara de Comércio Americana da Nicarágua também se pronunciou. “A liberdade de imprensa é um princípio básico que toda sociedade civilizada deve respeitar. Demandamos ao governo, mais uma vez, que respeite este e todos os direitos constitucionais dos nicaraguenses”, afirmou. Disse ainda que “sem liberdade de expressão nenhuma liberdade pode ser defendida”.

O Conselho Superior da Empresa Privada da Nicarágua afirmou que o operação contra o canal e a detenção de Mora “representa um claro atropelamento da liberdade de imprensa, do livre exercício das atividades empresariais e um desrespeito à propriedade privada”.

Pelo menos quatro patrulhas da polícia se mantinham na frente das instalações do 100% Noticias neste sábado, informou o jornal local La Prensa. A entrada do canal foi fechado com painéis de zinco, e repórteres foram impedidos de se aproximar do local.

Cobertura incômoda

O canal a cabo 100% Noticias liderou a cobertura dos protestos contra o governo iniciados em 18 de abril, que criticavam a reforma da Previdência, mas que se transformaram em manifestações que pediam a renúncia de Ortega e de sua mulher e vice-presidente, Rosario Murillo.

Durante o auge dos protestos, o canal foi censurado durante seis dias, mas depois voltou ao ar. Nas últimas semanas, Mora e outros funcionários denunciaram que eram perseguidos e que haviam sido detidos por algumas horas pela polícia.

Desde abril, a Nicarágua vive uma onda de manifestações pela saída de Ortega e Murillo. A repressão aos manifestantes já deixou 325 mortos, incluindo uma brasileira, e ao menos 400 presos.

Fonte: DP


 
 
 

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