Lula e Marielle, símbolos de duas esquerdas separadas nas ruas e nas discussões – Simões Filho Fm
Redação

Lula e Marielle, símbolos de duas esquerdas separadas nas ruas e nas discussões


 
 
 

Em São Paulo, escutava-se o clássico Guantanamera, uma marca da ainda reivindicada Revolução Cubana, apesar do Governo autoritário da ilha, e o vereador Eduardo Suplicy acalentando corações com Blowing in the Wind, de Bob Dylan. Maria de Lourdes, uma bancária aposentada, de 64 anos, viajou de Marília, interior de São Paulo, para acompanhar o ato. “Eu poderia estar em casa descansando na piscina, assistindo de camarote. Mas não consigo. Me sinto fazendo parte de um momento importante da vida do país. E também retribuindo por todas as oportunidades que tive, por terem dado o direito ao voto e aberto o mercado de trabalho para as mulheres”, explicava.

Havia jovens com suas famílias e jovens que estavam de passagem. Alguns chegaram a fazer fila para tirar foto com Guilherme Boulos, principal liderança do MTST e candidato a presidente pelo PSOL em 2018. Uma liderança política nova que começa seu discurso com um “boa tarde a todos e todas”, ao invés do velho conhecido “companheiros e companheiras” que seus colegas de palco tanto usaram neste domingo.

Em uma entrevista em que comentava a falta de renovação da esquerda, a filosofa e matemática Tatiana Roque apontava para como o movimento de junho de 2013, que eclodiu em todo o país, embaralhou o campo progressista.

“Novos atores estavam se apresentando ali na cena política e foram rechaçados pela esquerda, que não conseguiu até hoje dar um sentido para junho de 2013 e entender as pautas, as formas de organização, a estética… Não conseguiu entender o movimento”.

É dela também a explicação de que a esquerda ainda carrega uma ideia de trabalhador muito “homogeneizante” que dificilmente se aplica nos dias de hoje. “Os modos de vida, as experiências, as sensibilidades se tornaram muito mais importantes ao se inserir num coletivo. Não à toa vemos tantos coletivos feministas, negros, LGBTs, de legalização das drogas, de ambientalistas… Os coletivos se organizam mais em função daquilo que os afeta de modo singular”.

“A esquerda precisa de unir em grande frente progressista”, dirão uns. Uma frente que chegou a se desenhar nas ruas com o movimento #EleNão, contra o então candidato e atual presidente Jair Bolsonaro. O problema é que questões temáticas e até estéticas parecem separar essas duas esquerdas, que tem pautas em comum e se solidarizam uma com a outra, mas nem sempre se encontram nas ruas. Uma tem Lula como símbolo. A outra tem Marielle Franco como símbolo. Uma acha graça quando o ator José de Abreu se autoproclama presidente e diz que Marielle seria sua primeira dama in memorian. A outra acha a piada ofensiva e gostaria que Marielle tivesse sido a presidente. Uma veste camiseta vermelha. A outra exibe com orgulho cabelo estilo black power. Uma mira com nostalgia o passado e se apoia em antigas lideranças. A outra surge como uma grande potência transformadora, aponta questões consideradas mais urgentes — o racismo, o machismo e a LGBTfobia que mata milhares diariamente, por exemplo — e quer ser protagonista do futuro, não apenas mera espectadora. 

Lula e Marielle representam, ontem e hoje, lutas pela democracia mais que legítimas. Nessa equação está uma imensa massa de pessoas historicamente abandonada pelo Estado que ainda tem o petista como principal referência e fizeram que Fernando Haddad chegasse ao segundo turno no ano passado. Mas isso já não é suficiente. Resta saber agora quando essas esquerdas voltarão a confluir, se é que isso acontecerá, em um novo projeto que volte a conquistar os setores populares, geralmente ausentes das ruas. Não é fácil.

Nota da Redação: Recentemente, uma importante liderança do PT de Simões Filho, cidade que integra a RMS – Região Metropolitana de Salvador, em uma roda de amigos quem era de ESQUERDA e DIREITA… o conteúdo acima publicado, indica-nos, que mesmo entre os ditos de ESQUERDA, os caminhos ideias e lideranças não convergem para uma mesa direção. Esquerda, Direita, Centro… nossa política é um verdadeiro caldeirão.


 
 
 

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